E se passaram 6 anos. Reflexos perduram. As dores nos fazem olhar para trás. Repenso meus passos e desejo novos caminhos.
2008
29 de setembro, segunda
Como eu estava bonita nas fotos
dos jornais antigos, quando eu era atriz, e como agora eu me sentia
envelhecida, meu corpo tinha se deformado muito, relaxei demais nestes dois
anos, as pernas feias, cheias de vazinhos arrebentados e muita celulite,
tendência que sempre tive, desde nova.
E o pior: já não tinha mais a
ilusão de fazer aqueles regimes malucos e ficar em forma. Nunca tinha
sido gorda de verdade, mas sempre quis perder peso. A tendência era cada vez
engordar mais e em menos tempo. Assim chegara aos 82 quilos.
8 de outubro, quarta-feira
Fiquei 3 dias sem pensar no
diário.
Só escrevo quando preciso, como
um remédio.
Fico pensando na minha solidão,
que estou começando a gostar, mas hoje voltei a chorar no ônibus, por causa da
música do Lulu Santos:
E a gente vai a luta
e conhece a dor
considerando justa
toda forma de amor.
8 de novembro, sábado
Parei de escrever por muitos
dias, achei que nem voltaria mais a fazer isso.
Mas hoje, sábado baixou uma
tristeza, solidão, medo, terríveis.
Acho que escrever vai me deixar
melhor.
Aluguei o apartamento na ilusão
de que ele ia ficar cheio de gente sempre, meus filhos, amigos, irmãos. Mas
quase ninguém vem.
A solidão é grande aqui. Fico no
escuro, não gosto de acender luzes.
Às vezes é boa, outras muito dolorosa.
Ficar com a gente é difícil.
Um passarinho, passarinha, fez
ninho na janela do banheiro. Foi a surpresa que me recebeu na volta de Rio
Branco.
Ela choca os ovinhos, parece que
um já nasceu, mas não consigo ver porque a janela tem um vidro opaco e ela se
assusta quando subo no banquinho. É um pássaro marrom grande, sabiá? É um
alento.
Domingo, 21 de dezembro
Alguém, por favor, podia (des)inventar
o domingo? Detesto. Domingo, agora então sem família, só presta até a hora de
começar a pensar no almoço. Depois é só tristeza e lembrança. Só fugindo para
outro lugar...
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