sexta-feira, 28 de julho de 2017
conjecturas de uma manhã fria na casa amarela
a coisa mais certa que a gente pode fazer por nós mesmas é ouvir essa voz, esse mistério interior que nos habita: alma, subjetividade, intuição, ar.
e é também a coisa mais custosa desse mundo.
porque tudo, mas tudo mesmo, nos obriga a esquecer dessa fonte, que nunca se esgota.
esse mundo quer acabar com a gente. nós, as bruxas, nós, as mulheres.
nós, corpos mutantes.
esse mundo que está aí não é feito pra funcionar. não do jeito que desejamos.
não do modo que acreditamos.
muito distante desse mundo duro, cartesiano e sintético.
do "perde e ganha" e da trapaça.
de tantos nós que nos amarram. ou acham que. (somos líquidas.)
desfazer esse tanto de emaranhado é tarefa que exige paciência de uma penélope às avessas.
nós, as desatadoras de nós. (como eu admiro essa santa.)
a santa e ou/louca que somos sempre, pra dar conta da vida.
recomeço o dia sem saber de quase nada.
a não ser que: preciso sair pra lutar.
não farei isso sozinha.
tudo passa pelo corpo.
as palavras tem poder.
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