domingo, 2 de novembro de 2014

o ensaio



e então aquilo que parecia distante de se realizar toma forma.
primeiro os escritos.
depois o trauma.
depois a tentativa de cura.
o teatro me salva.
de mim e do mundo.
injusto.
a vida por vezes é assim.
e nem por isso deve-se lamentar.
a vida é bonita de se viver também.
se com ela navegamos.

depois de um sonho triste começo a ensaiar sozinha.
mas tenho comigo uma parceira, outra mulher.
uma amiga que aceitou dividir comigo essa jornada.
desde o primeiro momento.
e tantas outras mulheres (e homens também).
que se afetam pelo meu olhar e me fazem persistir.

encontros particulares e íntimos moldam o que antes era só impulso.
o cenário é a casa.
não poderia ser outro.
é a terra..
o mato.
a janela.
a cozinha.
o espelho.
o figurino é a roupa.
não poderia ser outro.
o vestido florido.
o vestido de casamento.
a mortalha de luto (que ainda não foi costurada).
os objetos são os que me rodeiam.
não poderiam ser outros.
as garrafas de cerveja que transformo em cacos.
os presentes que enterro.
a mangueira que molha as árvores.
a fala é o que sai de dentro.
não poderia ser outra.
palavras duras e doces.
lembranças boas e amargas.
vislumbres do que está por vir.

na cozinha vou preparar a comida e compartilhar com quem vier.
tragam as bebidas.

Domingo vai nascer.
aos poucos.
por hora é um pedaço que ofereço.

ps: Obrigada, Denise. Gratidão pelo encontro.
      Obrigada, Juarez. Gratidão pelo convite.