domingo, 20 de julho de 2014

Casa



Acordo cedo. Saio pro quintal. Meu luxo.
Ando entre as pequenas árvores do possível pomar e seus frutos que em breve virão. Goiaba, limão, abacate, mexerica, laranja, limão capeta.
Rego as que crescem em frente à casa e que todos me orientaram a cortar. Árvores feias. Fazem muita sujeira. Planta uma coisa mais bonita, diziam. Dei ouvidos não. Durante a obra foram as que resistiram ao sol, cimento, brita e aos comentários maldosos de todos. Sao feinhas, sim. Dão uma favas compridas e espalham galhos desenfreados em todas as direçōes. Árvores que dão em qualquer lugar, beira de córrego da cidade, canto de passeio. Arbustos que se metem a crescer e encorpar, a despeito de todos.
Herdei a casa inacabada do filho mais velho. Termina a casa, mãe. Morei cinco anos em um pequeno apartamento. Precisava muito de um lado de fora. Um dia chorava sentada numa lata de tinta, desanimada com tanto a se fazer e veio ajuda do moço de barba escura e sorriso largo. Eu vou te ajudar. E se desdobrou em cada canto. Sou muito grata aos dois.
A casa tem janelas grandes de madeira e grades azuis. E paredes amarelas.  A cozinha se volta para a sala e tem azulejos coloridos na parede. O telhado se mostra, alto. Casa de praia na cidade, com banho de mangueira do lado de fora. Dois gatos, que moraram aqui quando vazia, tomam conta dela quando saímos. Duas mulheres habitam a casa. Mãe e filha.
Todos os dias quando acordo, recebo a claridade do dia em plena sala e digo: Você é a casa mais bonita do mundo.
Ela abriga minha alegria e me conforta na dor.


3 comentários:

  1. Nossas casas são as casas mais bonitas do mundo!

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  2. Muito bacana o seu quintal! Parabéns!

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  3. O "Moço" de barba e sorriso largo tem a essência da casa em todas as construções de sua vida. Vida esta que ele deve à casa, à sua dona!

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